"O extrovertido é o ser que não suporta o tédio de ficar consigo mesmo."
Arthur Schopenhauer
Você já deve ter se deparado com aquele minuto de silêncio que parece durar uma eternidade. Ou com aquele momento em que percebe que poderia estar fazendo milhares de coisas, mas acabou preso no trabalho, no engarrafamento, ou em um lugar onde não gostaria de estar, sendo obrigado a parar e observar o que acontece ao seu redor.
É sobre situações assim. Mas pode ser que você nunca tenha passado por algo semelhante.
É realmente entediante se você, assim como eu, tem dificuldade de parar de fazer coisas o tempo todo.
Pois bem, eu estava em uma festa de formatura, contemplando o momento e absorvendo cada detalhe. Mas, de repente, ele surgiu. E, para quem conhece bem, o tédio não chega disfarçado.
Tudo piorou quando ele puxou uma cadeira e se sentou bem à minha frente. Olhei ao meu redor, ignorando sua presença. Passei alguns minutos fingindo que ele não existia. Mas não adiantou.

Depois disso, ele me convidou para uma conversa. No início, ele tentava me convencer a falar, e eu fingia que não o ouvia. Mas, após tanta insistência, comecei a entender o que estava acontecendo, através dele.
Ele precisava conversar com alguém. Mas havia tantas pessoas ali… Por que ele me escolheu?
Ora, porque nenhuma delas estava tão entediada quanto eu!
Só consegui encará-lo quando senti seu toque em minha mão, sugerindo que eu escrevesse. Comecei a rir sozinha. Abri a bolsa e procurei uma caneta (sim, sempre tenho uma comigo) e escrevi em um guardanapo o que estava acontecendo.
O tédio conversava comigo através das palavras que fluíam livremente, como se um peso fosse deixado para trás. O que ele me mostrou naquele instante foi a oportunidade de observar o momento sem fazer absolutamente nada. E foi exatamente isso que fiz.
Quando terminei de escrever, olhei em sua direção, mas ele não estava mais lá. Foi uma conversa e tanto, e ele nem se despediu de mim! De qualquer forma, sei que ele não precisa de muita cerimônia para aparecer.
Descobri, naquele momento, que o tédio não é o caos.
Ele apenas nos lembra de que não estamos aqui apenas para fazer coisas. Estamos aqui também para observar o mundo. Para alguns, isso pode parecer frustrante, pois não somos treinados para isso: ficar sem fazer absolutamente nada.
Confesso, porém, que toda vez que abro espaço para o tédio entrar, mesmo sentindo desconforto no início, acabo me sentindo mais leve e criativa depois.
Então, sugiro que, quando a oportunidade de ficar a sós com o tédio surgir, você aproveite a companhia.
Afinal, ela nem é tão entediante assim.
Caramba, Bárbara! Está melhor a cada coluna! Adorei a poesia contida em sua prosa. Logo eu, que nem gosto de poesia. 😉
Que bom que você gostou! O tédio é realmente um bom professor!