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LYGIA FAGUNDES TELLES – A DAMA DA LITERATURA BRASILEIRA

Um dos principais nomes da literatura brasileira nos deixou na tarde de 3 de abril de 2022. A escritora Lygia Fagundes Telles morreu aos 98 anos, na cidade de São Paulo.

Ela marcou presença na literatura nacional em 2005 ao receber o Prêmio Camões, o maior troféu da literatura em língua portuguesa, além de ter vencido muitos outros prêmios. Desde 1985, Lygia fazia parte da Academia Brasileira de Letras.

Mas a Dama da literatura brasileira deixou um grande legado, que você confere a seguir:

A trajetória de Lygia

Ela nasceu em 19 de abril de 1923, na cidade de São Paulo. Lygia, mais conhecida como a Dama da literatura brasileira, foi considerada por acadêmicos, críticos e leitores uma das mais importantes e notáveis escritoras brasileiras do século XX e da história da literatura brasileira. 

Lygia também atuou como advogada, romancista e contista, e teve grande representação no pós-modernismo, pois suas obras retratavam temas clássicos e universais como a morte, o amor, o medo e a loucura, além da fantasia.

Ela ingressou no Instituto de Educação Caetano de Campos, onde se apaixonou pela literatura. Em 1938, ela estreou a sua primeira obra com o livro de contos Porão e Sobrado, o qual foi bem recebido pela crítica e o sucesso se repetiu em 1944, com Praia Viva. 

Lygia Fagundes.

As premiações

Lygia venceu em 1970, na França, com sua obra Antes do Baile Verde, o o Grande Prêmio no Concurso Internacional de Escritoras. Em 1973, com As Meninas, ganhou o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, o Prêmio Coelho Neto da Academia Brasileira de Letras e “Ficção” da Associação Paulista de Críticos de Arte e Seminário dos Ratos em 1977, pelo qual ganhou o Pen Club do Brasil

Ela ingressou na Academia Paulista de Letras em 1982, e em 1985, ocupou a cadeira de número dezesseis da Academia Brasileira de Letras, na qual tomou posse em 12 de maio de 1987. 

Na 17.ª edição do Prêmio Camões, que ocorreu em 2005, Lygia foi anunciada como a grande vencedora. 

Ganhadora de todos os prêmios literários importantes do Brasil, ela foi homenageada nacional e internacionalmente, e em 2016, aos 92 anos, ela se tornou a primeira mulher brasileira a ter sido indicada ao prêmio Nobel de Literatura.

1. Ciranda de Pedra (1954)

Quando um casal de classe média se separa, a caçula, Virgínia, é a única das três filhas que vai morar com a mãe. É do ponto de vista dessa menina deslocada e solitária que se narram os dramas ocultos sob a superfície polida da família. Loucura, traição e morte são as forças perversas que animam esse singular romance de formação.

O romance rendeu duas telenovelas da Rede Globo, uma em 1981 e a outra em 2008.

Ciranda de Pedra, de Lygia Fagundes Telles.

2. Verão no aquário (1963)

No verão mais quente e abafado de sua juventude, Raíza oscila entre a memória do pai, que entregara sua vida ao alcoolismo, e a figura um tanto alheia de sua mãe, Patrícia, escritora madura que se dedica à criação de mais um romance. O sentimento de rejeição e rivalidade que se apossa de Raíza aumenta diante da ligação misteriosa de Patrícia com o ex-seminarista André – um rapaz tão tímido quanto atraente. Serão amantes? 

Forma-se assim, na imaginação angustiada de Raíza, o triângulo amoroso que prenderá o leitor de Verão no aquário da primeira até a última página. Nesse segundo romance de Lygia Fagundes Telles, a autora aprofunda os temas que tinha explorado em Ciranda de pedra. Mas avança ainda mais no domínio formal do seu ofício. 

Escrito no início da década de 1960, tempo de transformações profundas no Brasil e no mundo, o livro se afasta da narrativa convencional. A autora adota o ponto de vista hesitante e aflito de Raíza: experiências, recordações e devaneios se entrecruzam, formando o mosaico desordenado de uma geração colhida pelo desmoronamento da família tradicional, sem que nenhum modelo bem definido viesse ocupar o lugar dela. Assim aquecidas, as paredes do aquário ameaçam se quebrar a qualquer momento.

O verão no aquário, de Lygia Fagundes Telles.

3. As meninas (1973)

Num pensionato de freiras paulistano, em 1973, três jovens universitárias começam sua vida adulta de maneiras bem diversas. A burguesa Lorena, filha de família quatrocentona, nutre veleidades artísticas e literárias. Namora um homem casado, mas permanece virgem. A drogada Ana Clara, linda como uma modelo, divide-se entre o noivo rico e o amante traficante. Lia, por fim, milita num grupo da esquerda armada e sofre pelo namorado preso. As meninas colhe essas três criaturas em pleno movimento, num momento de impasse em suas vidas. 

Transitando com notável desenvoltura da primeira pessoa narrativa para a terceira, assumindo ora o ponto de vista de uma ora de outra das protagonistas, Lygia Fagundes Telles constrói um romance pulsante e polifônico, que capta como poucos o espírito daquela época conturbada e de vertiginosas transformações, sobretudo comportamentais. 

Obra de grande coragem na época de seu lançamento (1973), por descrever uma sessão de tortura numa época em que o assunto era rigorosamente proibido, As meninas acabou por se tornar, ao longo do tempo, um dos livros mais aplaudidos pela crítica e também um dos mais populares entre os leitores da autora.

O As meninas, de Lygia Fagundes Telles.

4. As horas nuas (1989)

Rosa Ambrósio, uma atriz de teatro decadente, passa em revista, entre generosas doses de uísque, os amores de sua vida. O primo Miguel, sua paixão adolescente, morreu de overdose por volta dos vinte anos. Gregório, seu marido, virou um homem taciturno depois que foi torturado pela ditadura militar. Diogo, seu amante e último companheiro, trocou-a por moças mais jovens. 

Alternando vozes e pontos de vista, passando do fluxo interno de consciência à narrativa em terceira pessoa, Lygia Fagundes Telles atesta aqui sua maestria literária e sua maturidade artística, pondo em cena grandes temas de nosso tempo – o movimento feminista, a cultura de massa, a aids, as drogas -, mediados pelos destinos individuais de um punhado de criaturas.

As horas nuas, de Lygia Fagundes Telles.

Os contos

  • Porão e Sobrado (1938)
  • Praia Viva (1944)
  • O Cacto Vermelho (1949)
  • Histórias do Desencontro (1958)
  • Histórias Escolhidas (1964)
  • O Jardim Selvagem (1965)
  • Antes do Baile Verde (1970)
  • Seminário dos Ratos (1977)
  • Filhos Pródigos (1978)
  • A Disciplina do Amor (1980)
  • Mistérios (1981)
  • Venha Ver o Pôr do Sol e Outros Contos (1987)
  • A Noite Escura e Mais Eu (1995)
  • Oito Contos de Amor (1996)
  • Invenção e Memória (2000)
  • Durante Aquele Estranho Chá: Perdidos e Achados (2002)
  • Conspiração de Nuvens (2007)
  • Passaporte para a China: Crônicas de Viagem (2011)
  • O Segredo e Outras Histórias de Descoberta (2012)
  • Um Coração Ardente (2012)

Um legado para guardar no coração

Sem sombra de dúvidas, Lygia deixou um vazio em nossos corações ao partir. Mas as suas obras, símbolo de sua vivência, prevalecerá por muito tempo.

Encerro com essa frase que resume o legado que ela nos deixou:

“Já que é preciso aceitar a vida, que seja então corajosamente.”

Porque Lygia Fagundes sempre viverá em nossos corações!

Mil beijos literários e 

Até a próxima!

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