Chegou aquela época do ano em que mais temos a tendência a comprar coisas, sejam elas materiais ou não (como é o caso de produtos digitais, por exemplo).
Estamos expostos a todo tipo de propaganda, promoções que prometem preços baixíssimos e por aí vai.
O fato de os preços estarem (ou pelo menos parecerem) bons, acaba por nos fazer gastar mais com aquilo de que nem sempre precisamos.
No meu caso, por exemplo, nessa mesma época nos anos anteriores, sempre aproveitei para rechear meu cérebro de informação. Adquiri cursos que pareciam favorecer meu currículo só porque o preço cabia no meu bolso.
A pergunta é: será que eu os concluí?
Infelizmente, alguns deles não foram concluídos, mas obtive um bom progresso. Apliquei grande parte do conteúdo aprendido, melhorei algumas habilidades, ou seja, valeu a pena investir meu dinheiro ali, mesmo que eu não tenha concluído.
Mas quantas vezes compramos coisas só por impulso, sem, de fato, sabermos se vamos ou não usá-las?
Um pensamento de Freud que me fez refletir muito a respeito disso:
“Todo excesso esconde uma falta.”
O problema não é comprar demasiadamente, mas fazer isso para preencher um espaço que está vazio dentro de nós.
A minha procura incessante por conhecimento, por exemplo, é a busca por preencher a minha sensação de significado no mundo.
Sempre me fazia uma pergunta que me ajudava a economizar mais: será que a minha versão do futuro vai ficar feliz com essa compra, ou só endividada mesmo?
É fato que as coisas estão tão mais fáceis, na palma de nossas mãos, a apenas um clique de distância.
Mas será que vale a pena pagar o preço?












O problema é que, sim, buscamos, todos nós, preencher um vazio existencial com coisas. Contudo (publicidade subliminar, hehe), hoje, o que temos não é um simples vazio, mas sim, um inesgotável buraco negro em nossas trajetórias. Estamos repletos, transbordando, cheios de verdade (e de mentiras), até contra a nossa vontade. Atualmente, o detox tecnológico já se tornou utopia, algo que ninguém mais é capaz de fazer. Infelizmente, nada nem ninguém mais deixa o outro em paz. Vivemos em uma espécie de totalitarismo tecnológico, onde se faz necessária a infinita conexão virtual, e onde o que é virtual, sinceramente, é a vida de cada um de nós, uma vez que não a desfrutamos.
Excelente colocação, Guilherme!