"O mistério da vida não é um problema a ser resolvido, mas uma realidade a ser experimentada."
– Søren Kierkegaard
Há muito tempo venho refletindo sobre o tema mistério. Desde criança, ele sempre me fascinou.
O fascínio, no entanto, também veio acompanhado de uma dose de temor. É natural que todo ser humano tenha medo do desconhecido, e comigo não foi diferente.
Mas há um impasse: por que precisamos temer algo que desconhecemos?
Acredito que, em algum momento da nossa evolução, fomos condicionados a pensar que o que não pode ser explicado pode nos colocar perigo.
Talvez o mistério exista justamente para que a vida revele uma outra forma de beleza — a de que tudo pode ser visto com curiosidade, sem a real necessidade de uma explicação. Afinal, se o mistério tivesse uma resposta, não se chamaria mistério.
Como, então, lidamos com esse medo do desconhecido?
A resposta mais adequada talvez seja: não lidamos.
Buscar explicação para o mistério é o mesmo que tentar controlar a vida — é praticamente impossível.
Quanto mais nos aprofundamos no que é oculto, mais turva se torna nossa visão. Talvez porque temos a tendência de acreditar apenas naquilo que podemos ver, e o mistério, muitas vezes, escapa aos olhos, embora esteja sempre ao nosso redor.
As palavras de Kierkegaard parecem as mais apropriadas: em vez de buscar explicações para o mistério, deveríamos buscar apenas experimentá-lo.
Experimentar a vida, por exemplo é, por si só, um ato de coragem.
Afinal, ela é o próprio mistério.