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Entrevista com o escritor Antônio Carlos Policer

Guilherme Mossini Mendel: Quem é Antônio Carlos Policer? Como você se apresenta e se define para o público?

Antônio Carlos Policer: Sou escritor e professor de Língua Portuguesa da rede estadual paulista. Como poeta – minha principal atividade literária – vejo-me como um catalizador de ideias. Minha intenção, ao escrever, é tentar desautomatizar e, por vezes, matematizar a língua. 

GMM: Quando e com quem você descobriu a poesia, e em que momento percebeu que era poeta?

ACP: Iniciei minha produção literária em novembro de 1996, aos onze anos de idade. Nesse ano, meu irmão mais velho venceu um concurso literário escolar, na categoria poema. Fui à noite da premiação e fiquei maravilhado com o que vi. No outro dia, ao acordar, peguei um caderno e comecei a rabiscar meus primeiros versos. 

GMM: Em que ocasião a leitura entrou na sua vida e qual a importância dela para você?

ACP: Desde que fui alfabetizado, a leitura passou a fazer parte da minha rotina. Tal prática me permitiu entrar em contato direto com o universo literário. Durante a infância e a juventude, li dezenas e dezenas de livros, principalmente de poemas. Passei, também, a estudar literatura, principalmente a brasileira.

GMM: Quais são os poetas, vivos ou mortos, que mais lhe marcaram? Há algum que você considera um mestre ou referência constante?

ACP: Sou fã incondicional de Carlos Drummond de Andrade e li todos os seus livros. Minha maior influência foi Oswald de Andrade, que não é parente do Carlos e tampouco do Mário. Posteriormente, conheci os marginais, e meu estilo começou a se consolidar.

GMM: O que você busca na sua poesia? Qual é a sua intenção ou desejo ao escrever?

ACP: Uso as palavras para que meus poemas, além de lidos, sejam vistos. Tento explorar ao máximo a carga semântica dos signos linguísticos. Valho-me muito dos estudos da semiótica ao elaborar meus textos.

GMM: Para você, o que torna um poema realmente bom? E qual é o favorito dentre os poemas de sua autoria? Poderia nos mostrá-lo, por favor?

ACP: Um poema “bom” é aquele que vai ao encontro da intencionalidade do autor, desde que de modo consciente. Um poema não é apenas um amontoado de palavras estruturadas em versos. É preciso considerar o grau de poeticidade do texto. Quanto mais elaborado, mais poético. Não elaborado no sentido vocabular apenas, mas também em relação às imagens e à semântica criadas e exploradas intencionalmente por meio da escolha, disposição e combinação das palavras. Da minha lavra, um dos meus favoritos é o “poema-flash”, que existe mas não pode ser visto. 

GMM: Na sua visão, qual é a importância da poesia na vida das pessoas?

ACP: Nesse sentido, compactuo com o filósofo alemão Friedrich Nietzsche. A poesia – e a arte, em geral – nos salva do excesso de realidade, ainda mais atualmente, quando somos bombardeados a todo momento por informações rasas e, por muitas vezes, inverídicas e destrutivas.

GMM: Como nasce um poema para você? Existe algum processo criativo, ritual ou circunstância que favoreça a sua escrita?

ACP: Não creio na inspiração romantizada. Tudo, tudo mesmo, pode virar poesia. Augusto dos Anjos poetizou o verme e o escarro, por exemplo. Raramente me vem uma ideia pronta e, mesmo quando parece estar, demoro para colocá-la no papel. Parece-me que meu inconsciente fica trabalhando e, quando está pronta, devolve-a para meu consciente. Depois disso, preciso definir entre maiúsculas e minúsculas, pontos, título ou não, vírgula aqui ou acolá – ou em lugar algum… É como esculpir algo.

GMM: Quais são as suas principais publicações, seja em livro ou na internet, e onde o público pode encontrá-las?

ACP: Publiquei um único livro até hoje, que se chama “(in)”. Essa obra foi lançada em 2021 por meio da lei de incentivo à cultura “Aldir Blanc”, por intermédio da Secretaria de Cultura de Fernandópolis – SP, cidade onde resido atualmente. Pode ser adquirido comigo, por meio das minhas redes sociais. 

GMM: Que projetos literários você sonha realizar nos próximos anos?

ACP: Estou finalizando um livro de poemas infantis pautados nas hipóteses de apreensão da escrita elaboradas e sistematizadas por Emilia Ferreiro, uma psicóloga e pedagoga argentina. Intento também um romance que explora uma de nossas principais lendas. Ademais, iniciei um livro de filosofia na adolescência que pretendo finalizar futuramente. 

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