As pessoas têm ídolos

porque, visto à distância,

qualquer um vira lindo.

Qualquer um, de longe,

com certos filtros,

torna-se alguém.

Mas, quando vemos alguém

realmente de perto, dispertos,

surgem manchas na pele,

buracos nas pernas,

manchas na postura,

buracos no passado.

Então, se os ídolos são precisos,

é preciso idolatrar qualquer um

que, de verdade, se conheça,

que as virtudes se reconheçam,

que, de cara limpa, apareça,

para que não reapareçam

bizarros bezerros de ouro,

que não são mais que

nossas riquezas derretidas.