Quase toda criança dos anos 1990 teve um primeiro contato com animes durante as transmissões da Rede Manchete. Em especial, “Os Cavaleiros do Zodíaco” marcaram época e até hoje povoam o imaginário daqueles que tiveram a infância moldada pelas lições de amizade e de nunca desistir que Saint Seiya nos dava todos os dias. Para tanto, após o fim da Manchete, anos depois, CDZ começou a ser transmitido no Cartoon Network e, na TV aberta, pela Rede Bandeirantes. A música de abertura, intitulada “Pegasus Fantasy”, ganhou enorme fama e, até hoje, em shows tanto do Angra quanto do Edu Falaschi, é pedida certa pelos fãs.
Confesso que esse som mexe com meus sentimentos e remete a memórias de quando era um jovem que gostava de animes e chegava em casa todo final de tarde para assistir. “Cavaleiros do Zodíaco” acompanha minha vida desde 1995 e, inclusive, tenho o elmo da armadura de Gêmeos tatuado no braço esquerdo. “Pegasus Fantasy” é um convite à nostalgia de uma geração que cresceu sob lições valorosas de cuidar de seus amigos, das pessoas que ama e de nunca desistir de uma batalha, seja ela qual for.
Seguidamente, gosto de colocar no play do Spotify pra ouvir Edu Falaschi cantando um hino de toda uma geração. Pode parecer um apelo à nostalgia – e talvez até seja mesmo. Pode ser a volta pra um lugar seguro, onde esperávamos todos os dias pelo novo episódio, pela nova revistinha “Herói” pra comprar na banca e sonhávamos em ter um brinquedo original da Bandai (coisa que ficou só no sonho por ser extremamente caro).
A música fala em despertar o poder, superar as dores pra enfrentar a luta, ir atrás de seus desejos, afinal, “as asas de um coração sonhador / ninguém irá roubar”. É lutar pelo melhor, união entre todos. A letra é uma ode à superação das adversidades da vida e das batalhas que todos nós enfrentamos. Assim como no anime, onde os cavaleiros de bronze enfrentam inimigos infinitamente mais poderosos e conseguem vencer as batalhas, a vida também é feita de lutas e desafios que passamos todos os dias.
Talvez aqui seja “papo de véio”, mas talvez falte um pouco de Saint Seiya pras novas gerações. Falta enfrentar certos desafios que a comodidade impede que eles encarem. Sinto que falta um pouco de chacoalhar a vida de uma grande parcela da juventude, que acaba não sabendo lidar com uma prova um pouco mais difícil, ler um livro um tanto mais extenso ou até mesmo enfrentar uma derrota numa competição esportiva sem ficar de birra.
“Pegasus Fantasy” é a marca registrada de toda uma geração que aprendeu a enfrentar suas limitações, ir atrás e tentar viver em meio às tempestades da vida. É um hino de todos aqueles que nasceram no final do século XX e até hoje param pra ouvir um som que não é apenas música — é toda uma história de vida.