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Mamonas Assassinas: Crítica e Poesia!

“Se der uma chuva de Xuxa

No meu colo cai Pelé”

Hoje à tarde, conversando com meus primos Vinícius e Gisele, saiu o papo de ser azarado e este trecho de uma música dos Mamonas Assassinas, de como ela é poética (de forma humorística, mas poética). É um manifesto sobre um ser humano extremamente azarado, em cuja vida nada dá certo. Para quem não lembra, em tempos passados, a Rainha dos Baixinhos namorou o Rei do Futebol. E agora imagine você, homem, com uma chuva de Xuxa no auge da beleza, cair logo o Pelé no seu colo. Não é algo que podemos considerar sorte. Pelo menos eu, apesar de fã do nosso querido Rei, preferia ter a nossa gaúcha de Santa Rosa em meus braços.

Abra sua mente

 Gay também é gente

 Baiano fala oxente

 E come vatapá”

Sempre de uma forma que considero poética, os Mamonas levantavam a questão, antes mesmo de estar na boca do povo, de que todas as pessoas têm seus direitos e devem ser vistas como humanas. Como já falei em outro texto, “Robocop Gay” é uma obra-prima que deve ser ouvida com atenção não só pelo humor ou pelo manifesto à igualdade, mas também pela estrutura musical sensacional e pelas sacadas geniais que a banda trouxe.

“Te falei que o pediatra é o doutor responsável pela saúde do pé

 O Zóista cuida dos óio

 E os oculista, Deus me livre, nunca vão mexer no meu.”

Este trecho de “Uma Arlinda Mulher” é fantástico. Um jogo de palavras sensacional, com um humor simples, porém muito engraçado. Estamos acostumados a ver como poéticas letras que falam de amor, motivação, religião, mas o humor também tem seus tons poéticos e pode ser visto nessas sacadas geniais, com trocadilhos de nomes de profissões ou de como dizer que pessoas são azaradas.

Outro trocadilho clássico é com a língua inglesa: 

Money, que é good e nós não have 

Se nós ‘hevasse’ nós não tava aqui workando”. 

Um jeito engraçado de dizer que quem precisa de dinheiro tem de trabalhar. Uma maneira suave de nos lembrar que todos somos trabalhadores e precisamos do labor para sustentar nossas vidas e nossas famílias. Uma forma divertida de dizer que quem precisa de dinheiro acorda cedo e vai para a labuta diária.

Por isso, para além dos shows cômicos e das roupas engraçadas, os Mamonas, de alguma forma, faziam poesia e crítica social sem perder a irreverência e a originalidade. Hoje, fico feliz de ver crianças de 11 anos, depois de terem assistido a eles na Netflix, começarem a se interessar por algo que foi uma explosão de sucesso nos anos 1990 e que permanece vivo na memória de quem viu e até de quem nasceu somente décadas depois.

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