Ler Pra Quê?

Como despertar o gosto pela leitura

Buenas, neste breve texto quero contar a história de como me tornei leitor. É um tanto quanto engraçada e curiosa. Pessoas leitoras, geralmente, ganham livros desde muito jovens. Os pais levam a bibliotecas, a eventos culturais, livrarias e tudo que está no entorno desse universo. Porém, eu moro numa cidadezinha minúscula no interior do Rio Grande do Sul e, por décadas, não tinha biblioteca e, até hoje, não tem uma livraria (e é provável que nunca tenha).

Sempre fui uma criança que gostava de aprontar, e o chinelo da minha mãe sempre cantou lá em casa. Não tinha erro: era fazer uma travessura que o laço cantava. Mas, um dia, tudo mudou. Minha primeira psicóloga disse para minha mãe me deixar sentado de castigo (e, lhes garanto, preferia apanhar). Às vezes, ficava uma hora lá sentado. Mas o que isso tem a ver com leitura? 

Bem, agora é que vem a parte engraçada.

Minha tia sempre assinou gibis da Disney e, como qualquer criança dos anos 1990, eu amava ver as figurinhas. Como ficava sentado quase todos os dias, me restava ler os gibis (e li bastante). Aqui também havia muitos gibis da Turma da Mônica, que sempre povoou minha imaginação. Tanto a multinacional estadunidense quanto os quadrinhos do querido Mauricio de Sousa me fizeram companhia no meu momento de “pensar no que eu tinha aprontado”. Na verdade, eu não pensava em nada, só ficava entretido lendo os gibis e esperando a hora de sair do castigo pra brincar (e aprontar).

Todos os dias eu me encantava com as histórias do Mickey, Pateta, Donald, Tio Patinhas, com os planos infalíveis (que sempre falhavam) do Cebolinha, da falta de banho do Cascão e me assustava com a quantidade que a Magali comia e não engordava (hoje tenho inveja dela). Fui tomando gosto e, dali pra frente, nunca mais parei. Me acompanha por toda a vida.

Posteriormente, já na adolescência, gostava muito de futebol, e minha mãe resolveu assinar a revista “Placar” pra mim. Foi o ápice. Lia tudo num dia e esperava ansiosamente pela próxima edição. Pra todo adolescente dos anos 2000 que gostava do nosso querido esporte bretão, a “Placar” era uma grande fonte de informações, entrevistas e conhecimentos acerca do mundo da bola. Não por acaso, guardo todas elas até hoje e, vira e mexe, dou uma olhada pra matar a saudade de quando jogava com os amigos e de quando o Inter ganhava títulos.

Quando cheguei ao curso de Filosofia na UFFS de Erechim (que exige muita leitura), foi bem tranquilo pra começar a ler os textos. Já estava adaptado a passar um bom tempo lendo. Tinha a paciência que muitos dos meus colegas não tinham. Claro, acostumar-se com a linguagem de cada autor é um trabalho bem complexo e demora um tempo. Exige bastante leitura. Mas posso dizer que foi um processo prazeroso e que me fez evoluir como pessoa e acadêmico.

Muita coisa na minha vida aconteceu de um jeito estranho e engraçado, e com um gosto que tenho tamanho apreço não poderia ser diferente. Ao mesmo tempo que ficava horas sem brincar, sentado e quieto, tive a oportunidade de ganhar gibis da minha tia, que puderam me entreter de alguma maneira. Também tive a felicidade de minha mãe poder assinar a “Placar” para que eu pudesse ler algo que gostava (e gosto até hoje). 

Enfim, meu gosto por leitura foi construído ao longo da minha vida e, a cada dia que paro pra ler, é colocado um tijolo nessa construção que é o Adilson leitor.

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